Consumidoras são 55% entre inadimplentes, mas dívidas dos homens têm valor mais elevado, mostra estudo. Mulheres pagam contas menores, e homens pagam dívidas maiores; mais endividados estão entre 30 e 39 anos.
CAROLINA MATOS
DO RIO
Quando o assunto é inadimplência, as mulheres devem mais, principalmente no comércio. Mas suas prestações ficam abaixo de R$ 500. Acima desse valor, a maioria dos devedores é homem. É o que mostra estudo do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), que, pela primeira vez, cruzou dados sobre valor das dívidas, e os segmentos em que foram feitas, com idade e sexo dos consumidores.
As mulheres são maioria entre os que estão com o "nome sujo" no cadastro do SPC: 55% do total. E representam mais de 60% dos inadimplentes do comércio. Mas, também de acordo com o levantamento, o descontrole delas para quitar os débitos diminui à medida que os valores aumentam.
Na faixa de prestações acima de R$ 500, os que mais deixam de pagar são homens: 54%. Foram considerados três setores principais, que, somados, representam 60% dos registros de inadimplência do SPC. São eles: serviços financeiros (que incluem financiamentos, empréstimos e até o crédito rotativo do cartão de crédito), serviços (como educação, telefonia e TV a cabo) e, por fim, comércio. O estudo não detalhou como se distribuem as dívidas dentro de cada segmento.
IDADE
As mulheres são a maioria dos devedores de todas as faixas etárias. No total, a parcela com idade entre 30 e 39 anos (de ambos os sexos) é a maior (28,5%). Nesse grupo, as consumidoras são 56%. Especialistas apontam tanto aspectos econômicos como culturais como bases para esse cenário.
"Entre os 30 e 39 anos, por exemplo, as pessoas já passaram do início da carreira e têm condições de consumir mais", diz Fernanda Della Rosa, economista da Fecomercio SP. "E a presença feminina entre os devedores pode estar relacionada à maior participação das mulheres no mercado de trabalho e como chefes de família, decidindo as compras de alimentos, roupas e eletrodomésticos."
Quanto à maior parcela de homens nas dívidas em atraso acima de R$ 500, Silvio Laban, professor do Insper, destaca salário e disposição ao risco. "Como as mulheres, muitas vezes, ganham menos que os homens, as dívidas maiores, como o financiamento da casa, acabam ficando em nome deles, embora as mulheres entrem para compor a renda familiar." "Além disso, os homens se mostram mais encorajados a assumir dívidas mais altas, como para comprar um carro ou uma moto, e, muitas vezes, perdem o controle."
Cássia D'Aquino, especialista em educação financeira, diz que os números reforçam a percepção de que as mulheres se perdem mais em gastos menores, enquanto os homens, nos mais elevados.
Mas D'Aquino destaca que a falta de maturidade na relação com o dinheiro pode afetar tanto homens como mulheres e até desestruturar uma família. "Muitas vezes, as pessoas, embora muito endividadas, acreditam que o dinheiro vai aparecer, seja pela ajuda de amigos e familiares ou até por intervenção divina, e não tomam a decisão de mudar de atitude. A principal causa dos problemas mais sérios com endividamento é a falta de uma reserva de emergência, que represente de três a seis meses da renda familiar", diz D'Aquino.
CAROLINA MATOS
DO RIO
Quando o assunto é inadimplência, as mulheres devem mais, principalmente no comércio. Mas suas prestações ficam abaixo de R$ 500. Acima desse valor, a maioria dos devedores é homem. É o que mostra estudo do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), que, pela primeira vez, cruzou dados sobre valor das dívidas, e os segmentos em que foram feitas, com idade e sexo dos consumidores.
As mulheres são maioria entre os que estão com o "nome sujo" no cadastro do SPC: 55% do total. E representam mais de 60% dos inadimplentes do comércio. Mas, também de acordo com o levantamento, o descontrole delas para quitar os débitos diminui à medida que os valores aumentam.
Na faixa de prestações acima de R$ 500, os que mais deixam de pagar são homens: 54%. Foram considerados três setores principais, que, somados, representam 60% dos registros de inadimplência do SPC. São eles: serviços financeiros (que incluem financiamentos, empréstimos e até o crédito rotativo do cartão de crédito), serviços (como educação, telefonia e TV a cabo) e, por fim, comércio. O estudo não detalhou como se distribuem as dívidas dentro de cada segmento.
IDADE
As mulheres são a maioria dos devedores de todas as faixas etárias. No total, a parcela com idade entre 30 e 39 anos (de ambos os sexos) é a maior (28,5%). Nesse grupo, as consumidoras são 56%. Especialistas apontam tanto aspectos econômicos como culturais como bases para esse cenário.
"Entre os 30 e 39 anos, por exemplo, as pessoas já passaram do início da carreira e têm condições de consumir mais", diz Fernanda Della Rosa, economista da Fecomercio SP. "E a presença feminina entre os devedores pode estar relacionada à maior participação das mulheres no mercado de trabalho e como chefes de família, decidindo as compras de alimentos, roupas e eletrodomésticos."
Quanto à maior parcela de homens nas dívidas em atraso acima de R$ 500, Silvio Laban, professor do Insper, destaca salário e disposição ao risco. "Como as mulheres, muitas vezes, ganham menos que os homens, as dívidas maiores, como o financiamento da casa, acabam ficando em nome deles, embora as mulheres entrem para compor a renda familiar." "Além disso, os homens se mostram mais encorajados a assumir dívidas mais altas, como para comprar um carro ou uma moto, e, muitas vezes, perdem o controle."
Cássia D'Aquino, especialista em educação financeira, diz que os números reforçam a percepção de que as mulheres se perdem mais em gastos menores, enquanto os homens, nos mais elevados.
Mas D'Aquino destaca que a falta de maturidade na relação com o dinheiro pode afetar tanto homens como mulheres e até desestruturar uma família. "Muitas vezes, as pessoas, embora muito endividadas, acreditam que o dinheiro vai aparecer, seja pela ajuda de amigos e familiares ou até por intervenção divina, e não tomam a decisão de mudar de atitude. A principal causa dos problemas mais sérios com endividamento é a falta de uma reserva de emergência, que represente de três a seis meses da renda familiar", diz D'Aquino.
________________________________
Ok, não podemos ser tão radicais a ponto de criticar a Folha de S. Paulo pela publicação de uma matéria que destaca as mulheres no que diz respeito à falta de disciplina na contenção de gastos; afinal, meios de comunicação servem para informar e, se a Pesquisa relatada foi feita, os leitores têm o direito de ter acesso à ela. Entretanto, acho válida a reflexão quanto à construção da realidade pelos meios de comunicação de massa.
Afirmarmos ao longo dos nossos posts que acreditamos e notamos que a sociedade contemporânea apresenta traços evidentes de um patriarcalismo ainda vigente. Sendo assim, o que faz dessa sociedade ainda tão machista? A publicação de matérias como essa não torna mais viva a discussão sobre a suposta diferença entre sexos?
Sobre o conteúdo da matéria, o que mais me chamou a atenção foi o destaque da participação de mulheres em gastos menores (para a casa e no comércio) e de homens em gastos maiores (como investimentos e compras grandes), o que reforça a ideia de superioridade financeira masculina e da figura da mulher como dono de casa.
Quanto ao comentário do Professor Silvio Laban: baseado no que é possível afirmar que os homens assumem dívidas mais altas por serem mais corajosos? Será que é mesmo questão de coragem? Ou isso se deve única e exclusivamente ao fato de as mulheres ainda estarem inseridas numa sociedade patriarcal que não lhes proporciona as mesmas oportunidades salariais das quais são providos os homens? Creio que esse pequeno detalhe lhes fariam grandes empreendedoras devido à maior segurança proporcionada pela conta bancária.
Quanto ao fato de a mulher ainda ser colocada como dona de casa, me questiono: seria esse um pensamento ultrapassado, antigo, ou apenas um relato do que realmente ainda acontece no contexto de uma sociedade machista?
Nenhum comentário:
Postar um comentário