Blog, auto-representação e opinião pública   
 A criação deste blog foi sugerida pelo professor da disciplina Teoria da Opinião Pública, Wagner Geribello, para que, através de um debate virtual, analisemos as reações e modificações da opinião pública, sendo este público restrito aos freqüentadores do site. 
 Porém, antes mesmo de iniciarmos o tema do debate, cabe nos questionarmos sobre a opinião pública e a auto-representação. O desenvolvimento de um debate polêmico em um blog favorece a não dependência e a não representação de voz pelos veículos de massa, ou seja, cada um garante a chance de se auto-representar. Entretanto, como e com qual independência? 
 O que estou tentando trazer aqui é o questionamento de quanto nossa opinião está livre daquilo já pautado pela mídia massiva, ou seja, ao discutirmos, no caso o patriarcalismo, até que ponto nossa discussão e opinião poderão ir além e independentes daquilo que está traduzido simbolicamente pela palavra midiática, pelo raciocínio conduzido por ela. 
 O conteúdo a ser debatido pela auto-representação é proveniente de informações já atribuídas valoração. Ou seja, o debate polêmico faz uso principalmente, para usar termo do Pierre Bourdieu, do fast think, as argumentações embasadas pelo principal meio de informação da sociedade, a grande imprensa, não favorecem ao recebimento ativo da informação, não provocam a racionalização da informação, pelo contrário, provocam a passividade e internalização daquilo que está sendo recebido. Continuando com Bourdieu, há maior violência simbólica? Não se percebe sendo violentado, apenas se internaliza e age passivamente a respeito daquilo que já está valorado, simbolicamente pela palavra e moldagem da comunicação de massa. Portanto, mesmo que haja o debate para a formação da opinião pública, a que ponto esta não está sendo guiada por aquilo que já foi valorado e comunicado massificamente? Em outras palavras, não nas minhas, mas nas do ainda sociólogo francês, há conservação, manutenção da ordem simbólica! 
 A vantagem da existência da auto-representação virtual é que criamos uma independência de voz, não precisamos da intervenção de veículos de massa para nos expormos, expressarmos, mas para que nossa opinião seja realmente nossa e a opinião pública realmente pública seria necessário o desprendimento das intervenções econômicas e políticas na comunicação de massa, o que, muito dificilmente ocorra, porém possivelmente melhorada com a alta regulamentação. Não entrarei nesse debate, mas deixo aqui a forma de pluralizar a informação, para que, como fonte de esclarecimento individual, a opinião seja desenvolvida ativamente, por debates de troca de argumentação, assim, quando nos auto-representarmos, saberemos que aquilo que está sendo formado, a partir de nossos argumentos, e de nossas discussões, é uma movimentação social, uma racionalização e uma real formação de opinião constituída pelo coletivo. 
 O Patriarcalismo  
 O tema que permeará todas as postagens a serem realizadas nesse blog é o patriarcalismo. Este definido por “uma das estruturas sobre as quais se assentam todas as sociedades contemporâneas. Caracteriza-se pela autoridade, imposta institucionalmente, do homem sobre mulher e filhos no âmbito familiar. Para que essa autoridade possa ser exercida, é necessário que o patriarcalismo permeie toda a organização da sociedade, da produção e do consumo à política, à legislação e à cultura. Os relacionamentos interpessoais e, consequentemente, a personalidade, também são marcados pela dominação e violência que tem sua origem na cultura e instituições do patriarcalismo. É essencial, porém, não esquecer o enraizamento do patriarcalismo na estrutura familiar e na reprodução sociobiológica da espécie, contextualizados histórica e culturalmente. Não fosse a família patriarcal, o patriarcalismo ficaria exposto como dominação pura e acabaria esmagado pela revolta da `outra metade do paraíso’, historicamente mantida em submissão”. (Castells, 2008, p. 169) 
 Assim como Castells define o sistema patriarcal, também afirma sua crise devido à transformação do trabalho feminino e à conscientização da mulher. Aqui, reconheceremos as conquistas pela luta das mulheres ao longo do tempo, pela igualdade não exclusivamente de direito, mas também de comportamento, de tratamento e de posicionamento social. 
 Nós, como mulheres, nos tornamos capazes de nos auto-reconhecer como um indivíduo, pertencente a uma esfera pública, e assim nos valorizarmos por capacidades mentais e de exercimento de razão tanto quanto os homens. Dessa forma, invadimos a formação social, saímos da reclusa da propriedade privada, e com isso, deixamos de sê-la também. Porém, apesar do reconhecimento dessa igualdade, ela não é aplicada nas estruturas sociais. Ainda é possível ver e questionar o tratamento das mulheres como inferiores no trabalho, na linguagem, na lei, no modelo familiar, no comportamento – e em tantos outros campos- conforme serão futuramente tratados. 
 Em outras palavras, concordamos com Castells, o modelo patriarcal está em crise, diminuiu, mas isso não significa que ele acabou, que a opressão acabou. Apesar de todas as conquistas femininas, o patriarcalismo está presente, refletindo-se, mantendo-se e reproduzindo-se socialmente, nas raízes do Brasil colonial, no sistema capitalista, em que a mulher não passa de um instrumento de produção ainda mais desvalorizado na garantia da mais-valia, e na necessidade do gênero homem inferiorizar a mulher para o exercício do domínio do corpo feminino, já que a mulher é única capaz de garantir a reprodução, de gerar. 
Realmente o patriarcalismo está em crise, mas talvez isso não signifique que rapidamente será estabelecido um novo modelo. Nos deparamos com as novas gerações que cresceram com suas mães trabalhando, mas que por um modelo familiar, ainda está habituado à vivenciar tarefas que "deveriam" ser exercidas por mulheres neste primeiro modelo social, o lar.
ResponderExcluir(...)
ResponderExcluirMais ainda, nos deparamos com homens que ao terem que exercer, mesmo que temporariamente, funções que antes eram exercidas pelas mulheres, questionam seu papel e, em muitos casos, sua virilidade. Em muitos casos como esses, quando em um relacionamento, essas tarefas são "alternadas" os homens questionam seu papel na relação.
Explicação do significado da palavra patriarcado
ResponderExcluirconsta do blog?